sexta-feira, 9 de abril de 2010

O que está atrás do seu celular



COLTAN: A palavra pode ser uma novidade pra você, mas o coltan está dentro do seu celular, do seu laptop, em pagers, gamedesks e outros equipamentos eletrônicos. “Coltan” é a combinação de duas palavras que correspondem aos respectivos minerais: a columbita e a tantalita, dos quais se extraem metais mais cobiçados do que o ouro.

Se tomarmos em conta que estes metais são considerados altamente estratégicos e se agregarmos que as suas maiores reservas encontram-se na República Democrática do Congo, começaremos a vislumbrar porque dois países africanos como Ruanda e Uganda ocupam militarmente parte do território congolês.

O coltan é essencial para o seu telefone celular tanto quanto para as estações espaciais, naves tripuladas e armas sofisticadas. Os principais produtores mundiais são a Austrália, o Brasil e essencialmente a República Democrática do Congo, que possui cerca de 80% das reservas mundiais, localizadas numa zona que faz fronteira com o Ruanda e o Uganda.

Estes dois países, não sendo produtores, são dois dos principais exportadores deste produto que é importado por empresas de países capitalistas como os Estados Unidos, Bélgica, Alemanha, Holanda, onde é refinado. Como é que Ruanda e Uganda entram neste negócio? Da maneira clássica: simplesmente invadiram o vizinho Congo, ocuparam amplas parcelas do seu território e provocaram uma guerra que dura desde 1996 e já provocou mais 5 milhões de mortos (o que dá a média macabra de mais ou menos 1000 pessoas por dia).

São violados os mais elementares direitos das populações, com a aplicação do trabalho forçado e da mão obra infantil, incluindo crianças de sete, oito anos, que são forçadas a deixar a escola para escavar as minas, chegando a juntar famílias inteiras na mineração. O que adiciona gravidade a esta pirataria é a passividade da comunidade internacional.

A receita é simples: as empresas de tecnologia eletrônica compram o coltan dos “mineral traders” que, por sua vez, negociam a compra do composto mineral dos bandos armados na África que dominam a exploração. E existem poucas opções, para obter o composto, pois a Austrália fechou recentemente as suas refinarias.

A cobiça internacional pelos recursos minerais da República Democrática do Congo (RDC), estimulada pela indiferença mundial, transformou uma grande parte daquele país numa colossal "mina de estupros", onde mais de 300.000 mulheres e meninas foram brutalizadas desde que a guerra irrompeu em 1996.

"O estupro está sendo usado como uma ferramenta para controlar as pessoas e o território", disse Eve Ensler, dramaturga e fundadora do V-Day, um movimento global para pôr fim à violência contra mulheres e meninas no Congo e em dezenas países.

"As violações são sistemáticas, terríveis e muitas vezes envolvem bandos de rebeldes infectados com AIDS, diz Ensler. “Centenas de mulheres e crianças foram violadas ontem, centenas mais hoje.

Esta é uma guerra econômica, que usa o terror como a principal arma para garantir aos chefes militares e bandos o controle regiões onde empresas internacionais mineram metais preciosos como o estanho, a prata, o coltan e para extrair madeira e diamantes.”.

"Um amigo mapeou os locais de estupros em massa na República Democrática do Congo e ficou evidente que correspondem às regiões mineiras onde o coltan é extraído", disse Eve Ensler.

Este "coltan sangrento" - semelhante aos “diamantes sangrentos” do Congo - gera milhares de milhões de dólares de vendas a cada ano aos fabricantes de eletrônicos nos países industrializados e traz centenas de milhões de dólares aos rebeldes e outros que controlam as regiões produtoras de coltan. Para “limpar” o coltan, o composto mineral extraído da República Democrática do Congo é frequentemente transportado para países vizinhos, para dar-lhe uma “aparência” isenta da selvageria, brutalidade e horror com que é produzido na RDC. Assim podemos consumir nossos banais celulares sem um sentimento de culpa.

Em Janeiro de 2008, os grupos rebeldes assinaram um tratado de paz com o governo da RDC, acusado de corrupção e cumplicidade na violação de mulheres. Apesar do tratado, milhares de mulheres e meninas no leste do Congo foram violentadas desde aquele ano na região que faz fronteira com Ruanda e Uganda, onde o coltan e outros minerais são encontrados. Os grandes combates recomeçaram em Julho, obrigando centenas de milhares a fugir de suas casas.

Há um documentário “The Greatest Silence: Rape in Congo” sobre as mulheres que sofrem violência sexual, produzido pela HBO, que mostra que o estupro é visto como arma de guerra e as mulheres são agredidas muitas vezes por dezenas de homens armados, que não só agridem, como dilaceram orgãos internos enfiando pedaços de galhos e pedras no interior das mulheres via anal e vaginal, frequentemente rompendo o intestino e o sistema urinário e deixando sequelas irreversíveis, degradantes e humilhantes para as mulheres, que ficam sem controle biológico durante a eliminação da urina e fezes, quando não morrem devido as infecções.

As entrevistas com mulheres que contaram suas experiências, e com os médicos que relatam alguns casos chocantes, como o de uma mulher que teve seu anus e vagina queimados depois de ter sido obrigada a sentar em uma fogueira após ter sido violentada por 12 homens, mostram que não dá mais para ficar indiferente a tais atrocidades enquanto falamos abobrinhas, orgulhosos do nosso novo celular.

Ligando as coisas para terminar, Eve Ensler é a autora da peça "Monólogos da Vagina".


I´m brazilian,Rio de Janeiro, and I did journalism during the dirty war in Argentina and I covered the dictatorship era in South America and Middle America (Nicaragua, Guatemala), as well Africa (mainly in the former portuguese colonies). Despite I´m not joining any political or human-rights groups, I´m very concern about the situation in Congo. Mainly concerned about the mineral exploitation and the rape war that is rolling there. I think you´ve a great apportunity to call attention on the problems on the COLTAN´s production.
Coltan: The word may be new to you, but the coltan is within your phone, your laptop, pagers, gamedesks and other electronic equipment. “Coltan” is a combination of two words that correspond to the respective minerals: columbite and tantalite, from which we extract metals more coveted than gold.

If we take into account that these metals are considered highly strategic and if we add that its largest reserves are in the Democratic Republic of Congo will begin to discern why two African countries like Rwanda and Uganda militarily occupy part of Congolese territory.

The coltan is essential to your cell phone as much for space stations, manned spacecraft and sophisticated weapons. The major producers are Australia, Brazil and mainly the Democratic Republic of Congo, which has about 80% of the world, located in an area that borders Rwanda and Uganda.

These two countries are not producers, are the two main exporters of this product that is imported by companies from capitalist countries like the United States, Belgium, Germany, Holland, where it is refined. How is Rwanda and Uganda enter this business? In the classic way: simply invaded neighboring Congo, occupied large parts of its territory and provoked a war that has lasted since 1996 and has claimed over 5 million dead (which gives the macabre average of about 1,000 people a day).

Are violated the most basic rights of people with the application of forced child labor and labor, including children aged seven, eight, who are forced to leave school to dig mines, reaching whole families join in mining. What adds gravity to this piracy is the passivity of the international community.

The recipe is simple: technology electronics firms buy coltan from “mineral traders” who, in turn, negotiate the purchase of mineral compound of armed bands in Africa that dominate the farm. And there are few options to obtain the compound, as Australia recently closed their refineries.

Greed by international mineral resources and the Democratic Republic of Congo (DRC), stimulated by global indifference, became a big part of that country in a colossal “mine of rape”, where more than 300,000 women and girls have been brutalized since the war erupted in 1996.

“Rape is being used as a tool to control people and territory,” said Eve Ensler, playwright and founder of V-Day, a global movement to end violence against women and girls in Congo and in dozens countries.

“The violations are systematic, terrible and often involve bands of rebels infected with AIDS, says Ensler. Hundreds of women and children were raped yesterday, hundreds more today.

This is an economic war, using terror as the main weapon in order to give commanders and troops the control areas where international companies mineram precious metals such as tin, silver, coltan and to extract timber and diamonds.. ”

“A friend has mapped the locations of mass rapes in the Democratic Republic of Congo and it was evident that correspond to regions where mining coltan is mined,” said Eve Ensler.

This “bloody coltan” – similar to “bloody diamonds” from the Congo – generates billions of dollars in sales every year for electronics manufacturers in industrialized countries and brings hundreds of millions of dollars to the rebels and others that control the producing regions coltan. To clean the coltan, the mineral compound extracted from the Democratic Republic of Congo is often transported to neighboring countries, to give it an “appearance” exempt from savagery, brutality and horror that is produced in the DRC. So we can consume our phones without a banal sense of guilt.

In January 2008, rebel groups signed a peace treaty with the DRC government, accused of corruption and complicity in the abuse of women. Despite the treaty, thousands of women and girls in eastern Congo have been raped since that year in the region which borders Rwanda and Uganda, where coltan and other minerals are found. The major fighting resumed in July, forcing hundreds of thousands to flee their homes.

There is a documentary “The Greatest Silence: Rape in the Congo” on women who suffer sexual violence produced by HBO, which shows that rape is seen as a weapon of war and women are often assaulted by dozens of armed men, who did not only attack as torn pieces of internal organs poking sticks and stones inside the women through anal and vaginal, often rupturing the intestines and urinary system and irreversible consequences, degrading and demeaning to women, who are no biological control for the elimination of urine and feces when they do not die due to infections.

Interviews with women who recounted their experiences, and with doctors reporting some shocking cases, such as a woman who had her vagina and anus burned after being forced to sit in a fire after she was raped by 12 men, show that there’s more to be indifferent to such atrocities as we speak zucchini, proud of our new phone.

Turning things to finish, Eve Ensler is the author of the play “The Vagina Monologues.”

Another point is the rule Chine is playing on the bussiness of mobile phones – since the major industries are based in China (Sony, Nokia, Motorola, Apple, Siemens), the mineral they use is going into China without any control on the humanitarian questions.